Chocolate, o vício que não me pesa na consciência

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Na altura do Natal, há uma coisa que nunca falta – e que eu adoro que nunca falte -, chocolate. Quando se tem aquele pequeno vazio na barriga e sabe-se que só uma coisa o pode preencher, é bom tê-lo por perto, e em grandes quantidades. Como grande amante do chocolate, este para mim nunca é a mais. E, neste momento, estou a deliciar-me com um pequeno pai natal, de chocolate, claro.

Acho que das minhas partes preferidas, porque comer chocolate é como um ritual, é tirar o invólucro. É um dos melhores momentos do "ritual", porque ao começar a tirar o papelzito, imaginamos a primeira trinca, sentimos o sabor do bom chocolatinho.

Sempre tive um problema: só como porcarias. Mas, chocolate é uma bela porcaria que nunca me pesa na consciência.

E, é claro, como viciada em chocolate, desconfio sempre de pessoas que dizem que não gostam de chocolate. São estranhas.

Coisas ditas da boca para fora

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Há um dia ou dois atrás, a Daniela, depois de falar ao telemóvel com a mãe, diz-me, "oh pah, um médico, que a minha mãe conhecia bem, lá da póvoa, suicidou-se". Eu, "porquê?". "não sei bem, parece que foi por causa da mulher dele". "matou-se por causa da mulher? que estupidez! tanta gente que morre sem querer e tão cedo, gente que luta até à última para sobreviver e esse mata-se por causa da mulher? não tenho pena nenhuma dele. eu é que não me matava por causa de uma mulher ou homem!". "ei, Sara, que insensível."

É... e fui. mas naquele momento tive, não diria raiva, mas um desprezo tão grande por tal motivo de suícidio.

No dia seguinte (e ainda hoje), arrependi-me do que tinha dito. quem sou eu para julgar tal assunto? vá-se lá saber o que não passaria na cabeça do homem? não sou ninguém e, com certeza, esse médico chegou a um limite. é como estes loucos que eu vejo com frequência, nas ruas do Porto. não era tão normal, não havia muitos na Vila ou na Póvoa, mas aqui cruzo-me com uns quantos. eles também chegaram a um limite. não sei bem qual, mas que chegaram, lá isso chegaram. é sempre assim, passamos por eles, dá-nos um arrepio, sentimos congelar qualquer parte, que ainda não sei bem ao certo, do nosso corpo e continuamos caminho. é como se todo o mundo deles se resumi-se às suas cabeças, onde está o cérebro, parece que está tudo concentrado, todas as histórias que eles ora gritam, ora sussurram, sem terem qualquer sentido para nós. não conseguimos decifrar, é outra linguagem...

Como Saramago, que sexta-feira, na sic, desabafou que chamar filho da puta a Deus teria sido um bocado exagerado da sua parte. não vou falar mais sobre Saramago ou polémicas, porque tenho apenas três palavras: liberdade de expressão.

As coisas ditas da boca para fora, não recuam, não voltam a entrar para a boca donde saíram, mas podem ser suavizadas com:"Disse da boca para fora."

À noite, é bom estar inconsciente

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Como chegar a sítios que não dão para calcar?

Como me habituar à ideia de que tudo muda, tudo mudou e eu não pude fazer nada?

Como adormecer sem sentir o coração a ranger de revolta por não ter…

Fiquei gelada, naquele momento, e mesmo lutando por dentro, não consegui mexer um dedo.

É um facto. Não pude fazer nada.

É pena. É frustrante. Chega a ser insuportável… saber que há momentos em que não posso fazer nada. Saber que não tenho a capacidade, nem a possibilidade de dirigir o destino. O meu. A minha vida. Não sei que lhe faça, às vezes. Mas sei o que sou. Ainda não totalmente quem sou… Não. Não são a mesma coisa. Eu não sou todos os dias a mesma coisa. E, ainda bem.




Como li num livro, às 3 da manhã passa-nos tudo pela cabeça.
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Hoje foi um daqueles dias em que, depois de me acontecer a última peripécia, porque não dizer, o último azar, pensei, instantaneamente : "Porque é que hoje saí de casa?"

Realmente, o que não nos mata, torna-nos mais fortes. O meu dedo é que ainda está a recuperar de ter ficado "entalado" na porta...






e começaram os dias de chuva no Porto.

Tinky Winky, O Enigma

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Ao que parece, o Governo conservador da Polónia anda numa demanda qualquer. Sendo mais específica, pelos lados desse país, está a decorrer uma caça às bruxas a tudo o que possa incitar a homossexualidade.
Querem conhecer uma vítima? Tinky Winky.

Um grupo de psicólogos vai examinar Tinky Winky, a pedido da responsável por um organismo governamental polaco de defesa dos direitos das crianças. Ewa Sowinska, a dita responsável por esse organismo, aponta como razão principal para a suspeita de homossexualidade de Tinky Winky a mala vermelha que, segundo a mesma, é de senhora.

Sinceramente, hoje em dia, o que é só para homens ou só para mulheres? Ou, pelo menos, digo eu, não se está a tentar diminuir o fosso entre as diferenças? Não se anda por aí a gritar aos quatro ventos "igualdade"?

Não é a primeira vez que a orientação sexual de Tinky Winky é questionada a estes níveis. E, com certeza, não será a última. Já o reverendo norte-americano Jerry Falwell , em 1999, declarou que a cor do pequeno “boneco” estava associada ao movimento “gay”.

Se esse tal organismo de defesa dos direitos das crianças se preocupasse com coisas a sério...

Bem, parece que não estamos assim tão longe dos tempos das trevas.

Parabéns André

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Parabéns Avô

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Não queria deixar passar o dia, para te dar os parabéns. Na verdade, bastou pensar que a seguir ao dia 25, chegava, inevitavelmente, o dia 26, para me lembrar dos teus anos. Como te digo sempre, vales por 1000 avôs. Tu sempre me ensinas tantas coisas. Aquelas tuas frases sábias repetem-se vezes e vezes, nos meus dias. Às vezes vêm ao final do dia, quando o sol começa a se pôr. Outras vezes, vêm do nada, sem eu ter que as procurar. Em todas elas tens aquele tom de voz. Admiro-te tanto, Vô. Sempre te admirei.

Quando a minha mãe levava-me à tua casa, quando eu era pequena, dava logo dois beijinhos a ti e outros dois à Vó. Quando almoçávamos juntos, ocupava o lugar da Vó e ficava eu ao teu lado. Quando terminávamos a refeição, tu contavas-me as tuas histórias, de quando começaste a trabalhar, de quando tomavas conta dos teus irmãos mais novos, de quando foste para a guerra, de como desapareceram miraculosamente os cravos que tinhas nas mãos que teimavam em deixá-las, às vezes, cheias de sangue… mas eram aquelas frases que punhas no meio das tuas histórias, que mais me acompanham, sabes? E tenho exactamente gravado o modo como as dizias, a ênfase que davas a certas palavras, sem querer. Não te preocupes, Vô, que hoje, mais do que nunca, as tuas palavras me acompanham. Eu sou hoje, como sempre fui, a tua Sarinha. Sabes, já não há ninguém como tu, hoje em dia. Por isso te admiro tanto. Pelos teus valores, pela tua coragem, pelo teu coração bom.

Oh, Vô… eu acredito. Juro-te que acredito. Que me ouves. Não posso, nem quero não acreditar! Os teus pequenos gestos… são tão grandes para mim, Vô. Eu sei que tu sabes. Que te amo muito! Que te amo tanto… E quando dizemos adeus, vou-te contar, Vô… que eu faço de propósito uma coisa… sempre que temos de dizer, “Xau! Até amanhã!”, eu logo a seguir sorriu para ti, só para olhares para mim com o olhar mais doce que eu conheço no mundo! Confesso.

Por isso, vou já ter contigo, só para me mostrares o teu pequeno quintalzinho. Vais-me mostrar os feijões, as couves, os tomates, e de certeza, um novo legume que vais ver se se dá bem com a terra. Vou comer uma sandes de mortadela de azeitona, que vais comprar só porque sabes que gosto. Prometo-te que faço gelado de bolacha e levo para ti! E prometo-te que não vai acontecer como o último, que não me correu tão bem como o costume. Foi sem querer. Desculpa. Não sei o que correu mal na receita. Devia ter posto mais açúcar. Ou batido melhor as natas. Eu só sei, porque comentaste com a avó que este último não estava tão bom como os outros, mas pediste-lhe muito para que ela não me dissesse, mas ela lá acabou por me contar e pedir, por sua vez, que não te dissesse nada. É o que faz gostarmos muito uns dos outros, não queremos magoar ninguém.

A vida ensina-nos muita coisa, mas há uma forma de ensinar pior do que todas as outras. Eu tomei a minha lição. Só espero e faço todos os dias por não a negligenciar.


Hoje e amanhã não precisam de ser dois dias tristes…

Os impérios dos nossos dias

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Li, algures, um cibernauta usar a expressão “O Império Google”, a propósito do serviço de Street View, disponibilizado por este tão nosso familiar motor de busca. O Street View é um serviço excepcional para um turista, ou para qualquer pessoa que o mais próximo de conhecer certas cidades será utilizar esse mesmo serviço. Faz-se, assim, uma viagem a 3D, sem se sair da cadeira.

Mas, nestes últimos dias, é só polémicas para o lado da empresa Google. É a Suíça que lhe exige que retire o serviço Street View que a abrange, reclamando a defesa da privacidade dos seus habitantes. É a Microsoft, Yahoo e Amazon que querem fazer face ao Google Books.

Ao ler “O Império Google” veio-me à cabeça o Império Romano, o Império de Napoleão…esses verdadeiros e grandes impérios! Pensando bem, a arma mais poderosa dos nossos dias é a informação, coisa que a Google tem vindo a dar e a vender (mais a dar do que vender, se repararmos, todos podemos fazer o download do Google earth, recorrer ao Google maps sem qualquer restrição…e por aí adiante). Com a arma “informação”, e com o meio “WWW”, os conquistados por este poderoso império somos todos nós. Os cibernautas que usam o Google e os seus serviços são as províncias deste vasto império moderno.









Auto-confiança, coisa que falta a muita boa gente…

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… e que outros têm para dar e vender!

Li no Expresso Online que Sócrates disse, hoje, no Porto:

“Está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor no défice do que eu”.

Não vou comentar o conteúdo desta frase, pois, apesar de ser de grande pertinência, admito que não tenho conhecimentos detalhados que me permitam construir grandes teses sobre o tema. E não estou com grande vontade de ir ao Google pesquisar sobre o comportamento do défice desde que existem primeiros-ministros em Portugal …

Não resisto, é a sublinhar a auto-confiança deste homem.

Tive foi vontade de ir ao Google pesquisar imagens relacionadas com a palavra "auto-confiança" e achei esta...foleira, mas engraçadita e não desajustada de todo...

Carteirista Frustrado

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Imaginem o que é acordar e ver a seguinte mensagem: “Olá Sara! Entregaram-me a tua carteira há bocado, estava no chão. Não te preocupes.”

Bem, eu pensei se ainda não estaria a dormir e se aquilo não seria um sonho.
Saí da cama a correr e fui num instante ao meu saco e, sim, confirmava-se, faltava a minha carteira.

Encontrei-me com a Ana e ela explicou-me que como a viram com o casaco do curso, perguntaram se não conhecia a rapariga da fotografia. Era a do meu cartão da faculdade.

E eu que me portei tão bem no S. João. Não bebi. Até nem fui muito tarde para casa…

No fim de tudo isto, não posso mais dizer que tenho azar. Vejamos bem, qual é a probabilidade de tal acontecer?



Tenho que agradecer ao carteirista por não se passar e não mandar a carteira ao rio, ao grupo de pessoas simpáticas que encontraram a minha carteira e à Ana que ma deu em mãos.
É para os carteiristas de meia tigela aprenderem: NUNCA MAIS TIREM A CARTEIRA A UM ESTUDANTE! Ou pelo menos a um que só a tem para enfeitar, porque o dinheiro anda quase sempre nos bolsos, por ser mais prático de tirar.


Bem feito.

À procura de uma desculpa qualquer para escrever

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Apesar de estarmos numa fase complicada do semestre e eu estar, como hei-de dizer, “atolada” de trabalhos para fazer, num domingo que posso dizer que tenho por minha total conta, acordo e não me apetece fazer nada disso…nada de concreto. Olho para o meu quarto, desarrumado, o que não estava ontem, antes de chegar a casa. Chego eu e deixo pelo chão as roupas, os livros, a cama por fazer. Chego eu e tiro a ordem que durante cinco dias a minha mãe tão carinhosamente construiu no meu quarto. Devia mudar, mas já sei que não consigo. Já tentei e depressa cheguei à conclusão que não conseguia.
As pessoas que conseguem mudar os seus feitios ou pequenas partes dos seus modos de ser são umas sortudas. Digo isto porque antes de mais nada, se mudaram é porque queriam mudar. E depois do querer vem o conseguir, o que eu, sinceramente, acho ser o mais difícil. Querer, podemos querer muita coisa, mas conseguir… gostava de conseguir limar pequenas falhas minhas, não para ser melhor pessoa, mas para conseguir conviver melhor comigo mesma. Egoísta!
O arrependimento é dos piores sentimentos que existem. Saber que não se pode voltar atrás para reparar um erro, para fazermos diferente… é como se nos roubassem um pouco da nossa vida. É como se o livre-arbítrio não fosse para nada, se acabamos sempre por errar.
Mas não. As lições que melhor se aprendem são as que vêm depois de se ter errado. É ao experimentar que sabemos se levamos uma peça de roupa ou não. O Erro e o Sucesso são quem nos traça o nosso rasto. Cabe-nos saber mudar de direcção nas alturas certas e prosseguirmos em frente, sem esquecer o que fizemos para trás.


Morning Theft (Live) - Jeff Buckley

Aos domingos as coisas parecem-me sempre mais calmas e claras.

Quando já não se tem 12 anos

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Dizia-me, há meses, a minha irmã de 12 anos que estava apaixonada, pela pessoa mais bonita do mundo. Era uma daquelas paixonetas platónicas, por um cantor. Tinha as músicas, tinha os posters... o que não tinha?
Hoje, encontrei, num canto de uma gaveta do meu quarto, perdida, uma folha em que estavam escritos, pela letra da minha irmã, o nome dela mais o nome daquele tal cantor arrasa corações. Peguei naquele pedaço de papel e, como criança deliciada, fui confrontar-lhe com aquilo, à espera que ela ficasse envergonhada e que desatasse aos gritos. Como todas as meninas fazem. Pois bem, a senhora Rita surpreendeu-me. Não fez nada! Pior, olhou com indiferença aquelas letras escritas a cor-de-rosa e a vermelho e disse: “ah, isso…”.
Não era o que eu estava à espera. De forma alguma. Ela virou-me as costas e continuou a fazer lá o que estava a fazer.

Não convencida, fui tirar satisfações. “Então tu não gostavas dele? Ele não era o mais lindo do mundo para ti?” Com a Rita mantenho aquela linguagem de crianças, até porque não me sei chegar a ela de outra forma, somos, como sempre fomos, crianças.
“ Já não gosto dele. Já passou”.

Não fiquei nada satisfeita. Primeiro, porque o meu plano para a deixar constrangida foi um fiasco e depois, porque, de repente, parecia que a Rita tinha crescido e eu me mantivera uma criança.

Criei um blogue

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Não é o meu primeiro. Será o último?
Bem, parece que estou a começar pelo fim…

Quando se deu o “bum” dos blogues, há 2 ou 3 anos atrás, eu não gostava nada deles. Dizia até que mais parecia uma pandemia de blogues. Achava estúpido as pessoas os terem, como espécies de diários.

Hoje, a minha opinião sobre os mesmos, já não é bem assim. Até porque, já deu para ver, criei um. Sim, continuo a achar que são uma pandemia, mas comecei a olhar para eles, como um sítio onde as pessoas vão colocando as suas crónicas. E eu gosto de crónicas. E gosto de ir aos blogues dos meus amigos e dos desconhecidos, ler um pouco sobre a sua vida transformada numa estória. Afinal de contas, a vida real é pano para muitos livros. Eu também gosto de escrever. Eu também tenho as minhas reflexões. Pois bem, vou começar a deixá-las aqui, nem que seja para um desconhecido qualquer ler e, se não concordar com o que eu digo, discordar completamente.